Palavra do Presidente

REFLEXAO SOBRE O CICLO ECONÔMICO DAS MONTADORAS DE AUTOMÓVEIS

REFLEXAO SOBRE O CICLO ECONÔMICO DAS MONTADORAS DE AUTOMÓVEIS

O problema atual documentado na mídia sobre o momento das montadoras de carros no Brasil nos remete a um problema histórico do capitalismo como um todo. Um dos principais teóricos do capitalismo Adam Smith fez uma metáfora sobre a condição do capitalismo e disse que existiria uma “MÃO INVISÍVEL” no mercado, ou seja, o auto-interesse de uma sociedade livre proporcionaria a forma mais rápida de uma nação alcançar o progresso e o crescimento econômico. Na sua LIBERAL opinião o maior obstáculo a esse progresso econômico seria o intervencionismo do Estado na economia; pois, para ele, existiria uma “MÃO INVISÍVEL” que auto-regularia o mercado.

Assim sendo, para Adam Smith, se o mercado fosse deixado em paz pelos governos ele se manteria sempre em equilíbrio. Entretanto, na prática, as condições normalmente não são as ideais. Por exemplo, a competição não é completamente livre, os consumidores não são perfeitamente informados e a produção e o consumo desejáveis podem gerar custos e benefícios sociais.

E por isso, o capitalismo vive de ciclos como o apontado nas notícias sobre as montadoras, onde, entre outros itens, vemos citados: a desaceleração do consumo e o aumento dos estoques, além de um impasse na negociação do imposto sobre produtos industrializados – IPI, negociado com o governo. Bem, estes também eram assuntos de Adam Smith lá nos anos de 1776, na Inglaterra, no período da revolução industrial.

Ora, não é de hoje que o excesso de estoque estabelece uma relação nova de trabalho. O mesmo trabalhador que somente a muito custo consegue ter um carro montado por ele (dividindo em suaves parcelas, pagando por muitos anos, gastando o valor de uns três carros), exatamente porque a luta sindical demanda tempo, é aquele que será “encostado” nas tais férias coletivas e nas demissões que ocorrem via de regra pela falta de consumo. É certo que é o próprio capitalismo que produz os ciclos que engendram suas crises. Mas, é evidente que somente alguns pagam, literalmente, pelas crises. Pensando dentro desta lógica, com muita liberdade, podemos dizer que quando um sindicato luta por melhores salários e por condições dignas de trabalho, está lutando para o capital manter-se em pé, afinal, quem comprará o produto produzido?

Senão houver consumidor os pátios ficarão abarrotados de carros. E aí a produção deverá ser reduzida para que o preço não caia; são os efeitos da “MÃO INVISÍVEL” do mercado, mais ao contrário, produzindo muito diferente do que dizia Smith, isto é produzindo a pobreza das nações. (referência ao nome do livro do Smith: “Riqueza das nações”).

Pára que isso não aconteça entra o Estado, intervindo para que o capital se reproduza da melhor forma, abrindo mão dos impostos fazendo programas; vamos relembrar de um evento histórico: Getúlio Vargas queimou tulhas de café, em 1929 ano da crise da bolsa valores de Nova York, para que o preço do café não caísse. É o mesmo que jogar no mar os carros já produzidos para que os estoques parados não prejudiquem aquilo que dá lucro.

E o que sindicatos têm a ver com isso? Na verdade os sindicatos devem lembram ao mundo: “QUE NÃO É SÓ DE LUCRO QUE VIVE O HOMEM”, mas também de direitos e garantias que ao longo da história o movimento sindical tenta equilibrar de uma maneira nada mágica, mas através do diálogo, mantendo uma mão de duas vias na relação histórica entre o capital e o trabalho.

Helena Ribeiro da Silva

Presidenta SEAAC Americana e Região

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