CRISE OU OPORTUNIDADE?

Quando encontramos um problema em qualquer área da nossa vida: econômica; política; psicológica; emocional, procuramos saídas para essas questões e, para isso, fazemos escolhas pautadas na nossa experiência, nas teorias, na nossa análise da realidade, buscando soluções para resolver aquilo que está nos impedindo de evoluir.
No entanto, às vezes nos deparamos com situações que alteram o curso ordinário das coisas: as famosas crises. Podemos olhá-las como algo conjuntural ou como simples acontecimentos passageiros e dar-lhes soluções paliativas. Podemos também refletir, analisando-as como conseqüências de fatos anteriores, ocasionados pela própria ordem vigente. Ao optar por esse olhar, poderemos encontrar soluções definitivas para solucionar a crise.
Hoje, não podemos mais pensar nossa vida individualmente, pois, uma vez que vivemos num mundo globalizado, as conseqüências das nossas escolhas e decisões são experimentadas por todos. Ora, nós fazemos parte de uma sociedade capitalista, compramos e possuímos coisas.
A atual crise financeira é resultado da estrutura e pensamento econômico americano, que eclodiu com a inadimplência dos compradores de imóveis, aliada a ganância dos especuladores, causando a bancarrota de empresas e aumento do desemprego. Um efeito colateral da dinâmica do mercado financeiro, que espalhou-se pelos cinco continentes.
Neste momento o movimento sindical brasileiro precisa estar com sua atenção redobrada para analisar sem paixão de que forma o país será atingido pela crise, uma vez que desde a década de oitenta vivemos um processo de liberalização da economia e desregulamentação do mercado financeiro, quadro no qual as incertezas se ampliam e as negociações podem ficar mais difíceis, se a turbulência permanecer por maior tempo.
Assim, o lugar social e econômico dos países emergentes deve ser rediscutido e também o papel do trabalhador, com o intuito de incluí-lo dentro da economia mundial de forma sustentável. Os sindicatos têm vital importância neste equilíbrio de forças uma vez que representam o movimento social de luta por igualdade no mundo do trabalho.
Vale ainda lembrar Stuart Hart, importante economista, que indica saídas inovadoras para a atual conjuntura, sustentando que o futuro do capitalismo e a diminuição de seu impacto sobre os recursos naturais do planeta dependem do desenvolvimento de novas tecnologias, em especial energias limpas, além da inclusão dos mais pobres na cadeia de consumo.
Olhando por este ângulo, o papel do Brasil neste cenário é de vital importância e isto é confirmado pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas – ONU, Ban Ki-Moon, que citou o Brasil como um dos exemplos da “economia verde” que o resto do planeta precisa seguir: “O Brasil construiu uma das economias mais verdes do mundo, criando milhões de empregos neste processo”.
Assim, se o capitalismo, com sua forma de atuação é responsável por crises de tempos em tempos, elas devem ser incorporadas não com o olhar de medo, mas, como algo que indica caminhos para transformar paradigmas e propiciar mudanças.

Helena Ribeiro da Silva
Presidenta do SEAAC de Americana e Região e Diretora de Assuntos da Mulher, Criança e Adolescente da FEAAC

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